terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Grande Ato contra a Copa da Fifa em São Paulo termina com truculência policial

25 de janeiro, aniversário São Paulo e dia do primeiro Grande Ato contra a Copa da Fifa na cidade de São Paulo este ano.
A concentração aconteceu no vão do Masp e seguiu para o centro da cidade, onde eram realizadas diversas atividades culturais em comemoração ao 460 anos da cidade. Algumas pessoas que assistiam aos shows, vendo a manifestação, se incorporaram a ela.
Segundo informações, foram mobilizados 2000 policiais militares para acompanhar a manifestação, que segundo a própria polícia não passou de 1500 pessoas. Chegando ao Teatro Municipal, parte da manifestação seguiu para a Rua Augusta, onde a Tropa do Choque já estava posicionada.
Após serem atingidos por bombas de gás lacrimogêneo, um grupo se refugiou em um hotel. O grupo estava cercado, havia cordão de isolamento do Choque para ambos os lados da rua.
Este grupo, ao entrar no saguão do hotel, explicou aos funcionários o que estava acontecendo e mantiveram-se apenas abrigados. Em poucos minutos um grupo do Choque entrou atirando balas de borracha, com escopetas em punho, espancando com cassetetes, hostilizando física e verbalmente, de forma incisiva os manifestantes que ali estavam, que permaneceram o tempo todo com as mãos para o alto e pedindo calma.
Frases como “deita aí sua cadela”, “mão na cabeça se não é bala na testa” e “se vocês não ficarem quietos vamos fazer igual ao que fazemos com as pessoas nas quebradas” foram proferidas aos berros. Um dos feridos mais graves foi Vinícius Duarte, estudante da Unifesp, espancado por mais de uma dezena de minutos sem parar, na frente de todos, teve o rosto inteiro machucado, três dentes quebrados e traumatismo no maxilar. Ele terá que realizar cirurgia para refazer o maxilar. Também ficou com um coágulo na cabeça, tamanha a brutalidade. Os que estavam no hotel foram detidos e levados ao 78° DP.
Era possível ver, que apenas 1 policial do Choque estava com a identificação, como manda a lei. A conduta era de crueldade, e ao serem perguntados, por um dos detidos, para onde seriam levados, um policial do choque respondeu “para seu governo, essa viatura nem está aqui oficialmente”, imagens da ação registrada pelos manifestantes foram apagadas e há indícios de que a policia também solicitou ao hotel e apagasse a gravação do circuito de segurança.
Fonte AV

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Jovens organizam Rolê e são perseguidos pela polícia


Os shoppings da capital paulista estão lotados. A propaganda pelo consumo está sendo eficaz por mais um ano com grandes apelações comerciais, com a Copa da Fifa. Como não, a Copa, e a Coca-cola e o Mac Donald´s…
Mas a juventude paulistana, que vive nas zona Leste, Sul e Norte, nos bairros de periferia, quer participar da festa e tem uma grande vantagem em seu favor, ela está em grande número.
É uma juventude que sofre uma exploração sem tamanho. O emprego, quando existe, é de péssima qualidade no setor de serviços. A escola é uma prisão, que ensina muito pouco e reprime por demais. A polícia não, essa está sempre por ali, dando enquadro quando tem festa no bairro, tapa na cara e até tiro, como aconteceu com o jovem Douglas Henrique que vivia no Jaçana, zona norte da capital.
Esses milhões de jovens estão sem perspectiva. O que ser da vida? Entrar pro tráfico? Passar a vida trabalhando por um salário mínimo? É muito preconceito, muita repressão e pouco exemplo de conduta, pouca alternativa para o futuro. Muitos usam drogas, é uma alternativa quando não resta outra. O funk ostentação faz muito sucesso.
O funk faz sucesso por que fala no idioma da periferia. Faz mais, diz que é possível um jovem preto, sem estudo, possuir tudo aquilo que o burguês tem e esfrega na cara dele com arrogância todos os dias. É por isso que Mc Daleste e Mc Guime, entre outros, fazem sucesso.
Uma parte dessa juventude resolveu aparecer, talvez como sintoma das manifestações de Junho. Quem não aparece não é visto, e quem não é visto continua sem nenhum direito. As festas que antes eram feitas no bairro, ali nas redondezas para não incomodar ninguém, passaram a ser marcadas no ninho da classe média paulistana, os palácios do consumo conhecidos como Shoppings.
A classe média se assustou. Alguns relatam que viram gente armada, arrastão. “Tem de proibir esse tipo de maloqueiro de entrar num lugar como este”, afirmou Helena Pregonezzi, empresária do ramo de mudanças.
A polícia militar mostrou que está ali para reprimir tanto quanto na periferia. Em dois Rolês foram mais de 30 detidos, mas nenhum caso concreto de roubo, posse de arma ou droga. Apenas detidos, para “averiguação”. Seguranças particulares também bateram, revistaram e mostraram armas.
A juventude continua marcando novos Rolês, inovando nas formas de luta e procurando um caminho para sair da exploração e da opressão que o capitalismo lhe reserva.
Qual o crime que esses jovens cometeram?  Na verdade o que estamos vendo é um verdadeiro apartheid.  E o direito e ir e vim, onde fica.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Em defesa dos black blocs!


O cenário político atual apresenta uma série de elementos que nos servem de aprendizado, o povo mais uma vez saiu às ruas para construir seu próprio futuro. A velha burocracia partidária, eleitoreira, sindical, que por muito tempo amordaçou as lutas sociais, não conseguiu conter os milhares de trabalhadores e estudantes precarizados que foram as ruas protestar. Ao contrário do que muitos imaginavam, as jornadas de junho e julho reafirmaram uma grande verdade: que o povo brasileiro não é passivo, e que diante de muitos problemas sociais segue guerreiro combatendo as injustiças.
Dentro desse novo contexto e rearranjo social de grande efervescência política, algo que atraiu a atenção de vários setores da sociedade foi a tática de protestos urbanos conhecida como “Black Bloc”. Essa tática surge em meados da década de 1980, no seio do movimento autonomista da Alemanha ocidental, que através da ação direta ocupavam terrenos onde seriam construídas usinas nucleares. O movimento antinuclear ao se opor profundamente as usinas nucleares foi duramente reprimido pelas forças policiais. A partir de então, diante a ofensiva das forças repressivas do Estado, os militantes se organizaram para defenderem-se e contra-atacar, e assim resistir em seus espaços de autonomia. Assim, surge a tática “Black Bloc”, como aponta o sociólogo norte-americano George Katsiaficas, em seu livro: “The Subversion of Politics – European Autonomous Social Movements and the Decolonization of Everyday Life”.
No Brasil não foi diferente, a tática Black Bloc manteve sua principal característica: resistir à ofensiva do Estado capitalista, e defender as manifestações do terrorismo de Estado exercido cabalmente pela figura da polícia. Ao passo que cresciam as manifestações em junho, o número de encapuzados que lutavam ao lado do povo para defender as bandeiras de uma sociedade igualitária também aumentava. Hoje, com a diminuição da onda de protestos que sacudiu o país, alguns Estados, em especial o Rio de Janeiro, segue com as chamas incendiárias deixadas pela jornada de junho e julho.
No entanto, existe a necessidade de refletirmos sobre essa tática, justa e necessária que é o Black Bloc. Não é novidade nenhuma que a juventude por trás das máscaras, que ousam lutar, carregam consigo uma admirável disposição para enfrentar as mazelas que perpassam gerações. Todavia, a ação direta deve cada vez mais estar enraizada nas categorias de base da classe trabalhadora, para que ganhe em volume e qualidade. É necessário que todos militantes revolucionários, que visam a transformação radical da sociedade, nos organizemos por locais de estudo, moradia e trabalho preparando nestes espaços as ações diretas de massas.
Precisamos ser capazes de organizar os setores que ainda estão desorganizados, derrubar as burocracias sindicais que ainda permanecem encasteladas e construir oposições que as derrotem, dar caráter de massa as greves, e assim, combiná-las com a ação direta e as frentes de defesa e resistência cujo Black Bloc tem um papel fundamental. Somente com organização avançaremos, de agora em diante é necessário intensificar a luta, com disciplina para que não sejamos engolidos pelo brutal aparelho repressivo contra o qual lutamos.