quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Volks na Amazônia: destruição

Volks na Amazônia: destruição

Em 1973 Wolfgang Sauer foi chamado para conversar com os executivos alemães da Volkswagen na sede alemã da empresa. Voltou como o chefe da maior fábrica de automóveis em funcionamento do hemisfério sul, instalada em São Paulo. O alemão de Stuttgart estava há 12 anos no Brasil. Chegou no ano traumático de 1961, marcado pela crise de poder desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros (o mais votado até então) e a reação militar à posse do vice-presidente, João Goulart.
Depois de 10 anos de peregrinação entre Portugal e a Venezuela, Sauer seria o diretor comercial da multinacional alemã Bosch. O novo posto era um salto: de fabricante de autopeças se tornaria montador de automóveis. A ambição de Sauer, porém, era muito maior: queria ser um dia presidente mundial da Volkswagen.
Ele divisou a oportunidade ainda em 1973, quando foi a Brasília conversar, a convite do então ministro do interior, Rangel Reis. O ministro lhe disse que o governo federal queria mudar a diretriz da ocupação da Amazônia. Desde o início da construção da Transamazônica, três anos antes, a ênfase era na colonização. Lavradores nordestinos, atingidos pela grande seca de 1970, eram levados para as margens da grande rodovia de penetração e assentados em lotes de 100 hectares.
Essa política, de objetivos sociais, não atendia mais à prioridade definida pelo terceiro governo militar desde o golpe de estado de 1964: tornar a Amazônia uma fonte de divisas para o país. Para isso, seria preciso atrair grandes investidores privados, nacionais e estrangeiros, para acelerar a ocupação territorial e a produção de mercadorias de aceitação e competitividade nacional e internacional. O empresário passaria a ser o parceiro preferencial do governo, não mais os colonos.
Não passou pela cabeça de Sauer instalar uma filiação da Volks na selva amazônica. O que ele concebeu na hora foi um grande projeto de criação de gado e beneficiamento de carne. Com tecnologia de ponta e capital intensivo, o empreendimento podia alcançar escala econômica suficiente para vencer as distâncias dos grandes centros consumidores e superar as desvantagens de uma zona pioneira.
Conseguiu convencer os dirigentes alemães da Volks a embarcar numa aventura inteiramente nova em seus mais de 40 anos de história de sucesso: ao invés de continuar a lidar com veículos automotores, a Volks iria tratar de boi na jungle selvagem. Se os êxitos se repetissem, Wolfgang Sauer teria credenciais para se apresentar como pretendente ao topo da direção de uma das maiores multinacionais.
Tudo deu errado, como ele admite em seu recente livro de memórias, nada modestamente intitulado O homem Volkswagen – 50 anos de Brasil (Geração Editorial, São Paulo, 2012, 527 páginas). Mas parecia que tudo daria certo. A Volks comprou uma área de quase 140 mil hectares no sul do Pará, a pouca distância dos limites com Mato Grosso e o atual Tocantins. Laudos de dois institutos alemães atestavam a qualidade do solo e a aptidão para a pecuária.
Sauer reuniu sócios poderosos na indústria e na atividade financeira, brasileiros e estrangeiros – quase todos céticos sobre a iniciativa, mas confiantes no aval do executivo. Implantou a fazenda e, em seguida, o frigorífico. Colocou 60 mil cabeças de gado nos pastos, com exemplares de Nelore cruzados com outras raças europeias.
Quando o caminho já estava aberto e a produção em série, começaram as reações. Primeiro na Alemanha, por parte de ecologistas, com o forte apoio do Partido Verde. Depois em outras paragens do mundo e também no Brasil. A Volks estava destruindo a natureza e eliminando o oxigênio do planeta, impedindo a Amazônia de funcionar como pulmão do mundo. Toda a humanidade seria vítima dessa devastação.
Quando políticos e militantes alemães ameaçaram boicotar os carros da Volks, a direção da empresa se alarmou. Sauer foi chamado e recebeu a ordem de passar em frente o projeto amazônico. Tudo tão às pressas e sem uma checagem nos argumentos dos críticos que o comprador escolhido deu um tombo na poderosa indústria alemã: pagou apenas a primeira parcela da venda, retirou o gado e sumiu.
A Volks teve que encontrar outro dono. A partir de então a Fazenda Vale do Rio Cristalino se desfez. Por incompreensão ou má fé dos que a combateram. Talvez as duas coisas juntas. Mais um dos grandes projetos de ocupação e modernização da Amazônia, para colocá-la no mercado mundial, fracassou. Como, antes, a plantação de borracha de Henry Ford e de arroz de Daniel Ludwig.
Mas a história não é bem essa, ou não é só essa que Sauer conta. Ele não faz a menor referência à autuação que a fazenda sofreu do IBDF (Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal), antecessor do Ibama, três anos após o início do projeto. A Volks desmatou em 1976 sem pedir licença ao instituto, que só descobriu o fato quando uma imagem feita pelo satélite Skylab identificou uma queimada, a maior até então registrada documentalmente pelo homem. Espantados pela extensão do incêndio, os cientistas da Nasa enviaram a imagem para seus colegas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São Paulo. A fotografia do satélite engendrou escândalo de dimensões internacionais.
A Volks se defendeu alegando que a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), ao aprovar seu projeto agropecuário, autorizara também a execução do que estava previsto, o que exigia o desmatamento. Logo, estava legal.
Mas o IBDF sustentou que a empresa precisava de uma autorização específica para fazer a derrubada. Sem essa licença, tinha que ser multada. A multa, incidindo sobre cada árvore queimada ou derrubada, chegava a valor superior ao do próprio empreendimento. Estabeleceu-se intensa celeuma. Ao final, a multa foi mantida, mas não foi aplicada. A Volks já estava saindo da área e retornando apenas ao que sabe fazer: veículos automotores.
Foi mesmo só incompreensão a causa desse final desastroso? Claro que não. A resposta estava na forma de encarar a região na qual a poderosa multinacional pretendia se estabelecer. Ao invés de investir contra a floresta, que dominava a paisagem, como o próprio Sauer admite nas suas memórias, devia se posicionar a favor da floresta.
Assim, não teria provocado o desastre ambiental de que foi acusada, com toda razão. É o que hoje faria um empreendedor consciente. Mas não naquela época, em que a palavra de ordem era desenvolvimento e não ecologia, se defende Sauer.
Não é a sua figura de visionário, além e acima do seu tempo, a imagem que o livro projeta, com sua capa made by Hans Donner, o mago do design da TV Globo, e o prefácio de Delfim Netto, o sacerdote tecnocrata do desenvolvimento daqueles idos? Talvez Wolfgang Sauer tenha sido visionário no polo industrial paulista, o maior do continente. Na selva amazônica ele foi um devastador.

 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Chico Science

Chico Science e o Manguebeat: “Eu me organizando posso desorganizar”

Francisco de Assis França foi um músico pernambucano nascido na cidade de Olinda em 13 de março de 1966 e que morreu, precocemente, no Recife, no dia 2 de fevereiro de 1997. Seu legado, uma revolução musical: um movimento antropofágico em que o rock bebe em fontes do tropicalismo, do maracatu, do coco de roda, do hip-hop, além da black music e do funk. Somadas a isso, letras banhadas de críticas ao abandono econômico e social sofrido pela região de mangue, representada pela cidade do Recife. O nome desse movimento: manguebeat.
Chico Science foi um menino de periferia, criado no bairro de Rio Doce, em Olinda. Na década de 1970, era uma criança entre brincadeiras de rua, a escola pública, amigos, picolé, etc., etc. Seu contato, durante a adolescência, com o hip-hop e o funk influenciou-o e o fez organizar-se, em 1987, no Orla Orbe, banda de hip-hop, e, posteriormente, no Loustal, grupo de black music formado por Chico e seus amigos Lúcio Maia e Alexandre Dengue. Loustal era em homenagem ao quadrinista francês Jacques de Loustal.
Na década de 80 predominava na cidade o movimento armorial, o qual pregava uma arte brasileira erudita baseada na cultura popular sem interferência do global. O cenário cultural era um marasmo e o Recife havia sido considerado a quarta pior cidade do mundo para se viver. Então, contrapondo-se ao conceito de arte armorial, surgem músicos de periferia inconformados com essa visão simplista de nossa cultura. Nessa conjuntura surge uma arte descolada da realidade do povo, e, liderada por Science, é fundada a banda Nação Zumbi.
Por ter sido criado em periferia, certamente Chico estava ciente dos problemas enfrentados por essa parcela da sociedade tão marginalizada pelo poder público. O manguebeat de Chico Science e da Nação Zumbi, mais do que uma revolução musical em termos rítmicos mostrou-se importante instrumento de manifestação contra os problemas vivenciados por aqueles que vivem na periferia, destacando-se especialmente aqueles que povoavam os mangues.
Sua música faz menções, por exemplo, a Josué de Castro e à Teoria do Caos, quando canta “o sol queimou, queimou a lama do rio/ eu vi o xié, andando devagar/ vi um aratu pra lá e pra cá/ e um caranguejo, andando pro sul/ saiu do mangue e virou gabiru/ Oh, Josué, nunca vi tamanha desgraça/ quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça” e mostra uma dura crítica ao sistema que condiciona as pessoas a um círculo vicioso baseado em mais e mais miséria.
Segundo estudo divulgado pela revista Logos de número 26, o movimento de Chico Science vai dar palavra a uma camada da sociedade que até então não tinha encontrado um eco de maneira autônoma, e, como Palmares, quis acolher a pluralidade étnica que acolhe os excluídos do sistema colonial; daí a definição “quilombo cultural”. Assim, Chico Science e o manguebeat são reflexo de uma sociedade repleta de contradições, na qual o “de cima sobe e de baixo desce”, contradições contra as quais sua música é, sobretudo, um instrumento de luta.
Em 1997, em um acidente de carro entre Olinda e Recife, morre Chico Science, às vésperas de um show que a já consagrada Nação Zumbi faria no Carnaval do Recife. A morte do cantor e líder da banda deixou órfãos não só a Nação Zumbi, mas todo o manguebeat, que, apesar de já não contar com um dos seus principais idealizadores, permanece combatendo a divisão de classes, com relação à qual Chico deixa a dica: “Eu me organizando posso desorganizar”.

O mundo em depressão

O mundo em depressão

O avanço da crise do capitalismo, que teve início em 2008, continua gerando fortes consequências para os trabalhadores de todo o mundo. Os cortes nos direitos sociais e as medidas de austeridade, somados ao aumento das taxas de desemprego e reduções salariais, vêm obrigando os trabalhadores a suportar condições de exploração cada vez maiores.

Reflexo direto deste retrocesso é o sofrimento e a falta de perspectiva que acometem a população dos países mais afetados pela crise, como prova o aumento do número de casos de depressão e suicídios. A venda de antidepressivos nunca esteve tão alta. Nos Estados Unidos, 27 milhões de pessoas fazem uso desse tipo de medicamento, enquanto no Brasil, no primeiro semestre de 2011, foram comercializados 34,6 milhões desses remédios – um aumento de quase 50% nos últimos quatro anos. Os números são ainda mais assustadores nos países da Europa, onde a crise se faz mais evidente. Só na Itália, desde o início deste ano, 80 pessoas tiraram suas vidas por efeito da situação econômica de seu país. Segundo o instituto de pesquisa Eures, o número de suicídios teve um alarmante crescimento a partir de 2008, provando que a incidência desses casos está diretamente ligada às condições sociais a que estão submetidos os trabalhadores de todo o mundo.
Vicky Harrison, 21 anos, Antonio Tamiozzo, 53 anos, Dimitris Christoulas, 77 anos, e centenas de outros homens e mulheres que, em meio ao desespero e falta de perspectiva impostos pelo sistema capitalista, puseram fim às suas vidas. São jovens, adultos e idosos esquecidos diariamente pelos governos, que preferem retirar do trabalhador seus direitos e conciliar com a classe burguesa. Às custas destes e de todos nós, enriquecem os grandes capitalistas, num ciclo que só terá fim quando a classe trabalhadora se unir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária!

 

Desmatamento na Amazônia

Desmatamento na Amazônia ameaça aves de extinção


São Paulo - Apesar de a taxa de desmatamento da Amazônia vir apresentando sucessivas quedas de um ano para o outro, a perda de cobertura florestal de mais de 6 mil km² por ano está colocando as aves da região em alto risco de extinção. O alerta é da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) e da ONG BirdLife International, que divulgaram ontem, quinta-feira, uma atualização da chamada lista vermelha da IUCN de espécies ameaçadas de extinção.
O levantamento mostrou que o risco de extinção aumentou substancialmente para cerca de cem espécies da Amazônia, principalmente aquelas com maior expectativa de vida, como o chororó-do-rio-branco (Cercomacra carbonaria), para o qual mesmo uma taxa moderada de desmatamento pode ter impacto.
A pesquisa também destacou o caso do joão-de-barba-grisalha (Synallaxis kollari), que já teria perdido mais de 80% de seu habitat nas últimas décadas e alcançou o status de criticamente ameaçado - o nível mais preocupante da lista vermelha.
Para os organizadores do estudo, baseado em modelos que projetaram o tamanho e o padrão de desmatamento na Amazônia, o risco de extinção das aves locais tinha sido subestimado até então. Eles especulam que a mudança em curso do Código Florestal pode levar a um cenário ainda pior nos próximos anos. E clamam para que o governo brasileiro cumpra os compromissos internacionais de combate à perda de biodiversidade e crie novas áreas protegidas.
O levantamento considerou ainda outras regiões do planeta, numa revisão da situação de mais de 10 mil espécies de aves. A situação também se mostrou preocupante no norte da Europa e na África. No total, 130 espécies são consideradas extintas; 4 extintas na natureza (mas existentes em cativeiro); 197 estão criticamente ameaçadas, 389 ameaçadas; 727 vulneráveis; e 880 quase ameaçadas.

Um olhar sobre a saúde pública em São Paulo

A população paulistana que depende do sistema público de saúde enfrenta uma situação difícil. Os problemas não são novos e são bastante conhecidos: faltam médicos de várias especialidades, a demora no atendimento é imensa, levam-se meses para marcar e passar em consultas, faltam medicamentos, não há unidades de saúde em número suficiente etc. Apesar de todas as mudanças e projetos estabelecidos na última década, a situação efetiva para quem busca um hospital ou Unidade Básica de Saúde (UBS) continua praticamente a mesma do fim dos anos 90.

Observado em retrospecto, o sistema de saúde brasileiro como um todo evoluiu. Nos tempos de INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social), somente quem tinha registro em carteira de trabalho era atendido pelo sistema de saúde do estado. A maioria da população era excluída ou atendida unicamente por organizações humanitárias, como as Santas Casas. A cidade de São Paulo deu um novo passo com o estabelecimento das Organizações Sociais de Saúde (OSS), há quase dez anos. Mas este não parece ser um passo que proporcione mudanças substanciais na estrutura do SUS no município.
As OSS são como ONGs ligadas a empresas que atuam, em geral, na área da saúde. Estabelecem um convênio com a prefeitura, onde recebem a concessão de uma UBS, hospital ou AMA (Assistência Médica Ambulatorial). A partir disso passam a realizar a gestão financeira, técnica e administrativa da unidade. As OSS contratam profissionais sem realização de concurso, por sistema CLT. Também fazem compras sem abertura de licitação. Todo o dinheiro aplicado na gestão é repassado pela prefeitura e a Organização Social recebe ainda um taxa administrativa, que não tem aplicação específica.
De acordo com o coordenador de pesquisa do Hospital M’ Boi Mirim, Dr. Mário Bracco, as Organizações Sociais permitem uma melhor gestão da saúde pública. “A administração direta permitia muito desmando, o controle pela OSS garante a cobrança do funcionário e melhor gestão dos recursos”, disse Bracco ao Correio da Cidadania. Para ele, o modelo não constitui privatização, pois as organizações não têm poder total sobre a gestão. E o mais importante é que as pessoas tenham o seu problema resolvido. “As OSS têm de atender de acordo com as diretrizes do SUS e devem prestar contas para a prefeitura”, completa.
Para Paulo Spina, do Fórum Popular de Saúde de São Paulo, a instituição das OSS fere os princípios do SUS. “O SUS em São Paulo está fragmentado, são mais de 30 organizações gerindo de formas distintas, pois existem OSS ligadas a universidades, igrejas etc.”. Além disso, para Spina, a percepção de que as Organizações Sociais melhoraram o atendimento e as condições dos funcionários é falsa. “Para justificar a instituição das OSS, o município sucateou o sistema e o trabalhador, que há muitos anos não recebe aumento, promoções etc.”, explicou à reportagem.
Uma condição que chama atenção em relação à concessão das unidades de saúde para as Organizações Sociais é o fato de que todo o dinheiro utilizado por elas vem integralmente do Estado. O investimento em saúde na cidade de São Paulo tem aumentado ano após ano. E esse recurso é repassado às OSS para custeio de todas as suas atividades. A questão que se impõe é: se a prefeitura pode repassar este valor para a administração pela Organização Social, acrescido da taxa de administração, porque a mesma prefeitura não pode gerir diretamente as unidades de saúde?
O promotor do Ministério Público, Dr. Artur Pinto Filho, acredita que esta também é uma questão ideológica. “As OSS vêm dentro da ideia neoliberal de Estado Mínimo, de que a iniciativa privada era muito melhor em tudo”, diz. Pinto Filho concorda que é preciso melhorar a gestão e o atendimento à saúde, mas isso não pode levar à desconstrução do SUS e dos princípios de gestão pública. “As OSS compram sem licitação, pagam salários até quatro vezes maiores do que se paga a um funcionário público de carreira, não aplicam um centavo e custam em média 40% mais caro ao Estado”, complementou.
De uma forma geral, não houve grandes ampliações no atendimento à saúde em São Paulo. Tomando como exemplo a região da Capela do Socorro, a carência de unidades básicas de saúde é de ao menos o dobro do número atual, de 17. A instituição das AMAs, que realizam atendimento de baixa complexidade, poderia ter ampliado as unidades, mas foram estabelecidas a partir da divisão de UBS já existentes em dois equipamentos distintos, ainda que nas mesmas dependências físicas. Na mesma região não há atenção em saúde mental. E o único hospital de grande porte da região, o Hospital Geral do Grajaú, atende cerca de 1,2 milhão de habitantes, já que atende também a população do distrito de Parelheiros.
Para se ter uma ideia da situação, nos últimos meses a Rede Extremo Sul, movimento social que atua em comunidades na periferia de São Paulo, vem realizando diversas manifestações exigindo melhores condições no atendimento à saúde na região de Capela do Socorro. Entre as reivindicações está a UBS Cantinho do Céu, que existe, mas não existe. O Cantinho do Céu tem contrato de parceria entre a OSS e a prefeitura, tem a equipe contratada e trabalhando há mais de um ano, mas lhe falta ainda o próprio prédio. Por ora, espremem-se todos, funcionários e pacientes, na UBS Residencial Cocaia Independente.
No caso das AMAs, existe outra preocupação. Essas unidades não fazem prontuários de atendimento, ou seja, não existe acompanhamento do paciente. E ao estabelecer a AMA em substituição à UBS, a prefeitura faz a opção pelo atendimento curativo, o que também custa mais caro. De acordo com Spina, não se trata de negar as AMAs, mas de estabelecer prioridade pela prevenção. “Defender que as AMAs sejam extintas é um absurdo porque a população necessita, mas precisamos priorizar o atendimento preventivo além do curativo”, afirmou.
Spina ainda questiona a situação do controle social do SUS, estabelecido na lei que o gerou (8080/90). Para ele não há como garantir fiscalização sobre as finanças e o atendimento porque as OSS não disponibilizam suas informações. “Não há controle social, pois estas organizações são de direito privado e seus dados não estão disponibilizados”, disse. Essa questão fica ainda mais complexa ao se observar a forma como a administração municipal tem tratado o Conselho Municipal de Saúde (CMS). Eleita desde janeiro, a gestão atual do CMS ainda não teve acesso a quaisquer documentos sobre a gestão da saúde no município.
Com tantos problemas, cabe perguntar como se posiciona a prefeitura de São Paulo e a Secretaria Municipal de Saúde. Pergunta que novamente ficará sem resposta. Da mesma forma que os funcionários das unidades de saúde se negam a conversar com a imprensa. Estes sob alegação de serem proibidos por contrato de se manifestar publicamente. O poder público, por sua vez, segue ignorando os inúmeros pedidos de entrevista que foram feitos desde o começo de maio, quando se iniciaram as manifestações sobre saúde no extremo sul de São Paulo.

 

a violência nossa de cada dia


Quando se fala em violência, uma das primeiras coisas em que pensamos é, por exemplo, no ladrão de casas e carros, no assassino sanguinário, enfim, nos inúmeros criminosos que agridem pessoas e assaltam o patrimônio alheio.
Para o estudioso Gilberto Cotrim, menos comum é pensarmos na violência institucionalizada pelos sistemas de exploração social, isto é, a violência cruel dos salários de fome, da falta de moradia, do desamparo à saúde pública, do descaso pela educação, do preconceito racial etc. Violências surdas que oprimem milhões de pessoas “sem vez” e ainda sem voz.
Temos também a violência do homem contra a natureza, provocando graves desequilíbrios ecológicos. Por fim, existe ainda a violência do homem contra si próprio, em que o suicídio figura como exemplo extremo.

Avenida Sapopemba tem asfalto em péssimas condições

 Avenida Sapopemba tem asfalto em péssimas condições

Maior avenida da América Latina não entrou no programa de recapeamento.
Secretaria disse que vem realizando serviços de tapa-buracos na via.
 

A situação da maior avenida da América Latina não é boa. A Avenida Sampopemba, uma das mais importantes da Zona Leste de São Paulo, tem o asfalto em péssimas condições, o que representa um perigo para os motoristas e também para os pedestres. Apesar disso, a avenida não entrou no programa de recapeamento anunciado pela Prefeitura na semana passada.
Com 40 km de extensão, a Avenida Sapopemba começa na Água Rasa, passa por 53 bairros da Zona Leste, corta a cidade de Mauá e termina em Ribeirão Pires, na divisa com a Serra do Mar. Para saber a gravidade da situação, a equipe de reportagem percorreu a avenida e começou o trajeto no número 12 mil, onde há um canteiro central e duas pistas em cada sentido. Era o esperado para uma grande avenida, sempre muito movimentada. Só que pouco mais a frente, próximo ao número 26 mil, a avenida nem parece a mesma. As duas pistas viram apenas uma, estreita. Não há calçadas. O asfalto está em péssimas condições e o local está cheio de buracos.
Além disso, em vários pontos, as margens desmoronaram. A equipe de reportagem do SPTV flagrou até um operário da prefeitura bancando agente de trânsito para ajudar os motoristas. Para dirigir pela avenida, é preciso paciência e gentileza de sobra, pois, em alguns pontos, para um passar, o outro carro tem que esperar.
A avenida tem mais crateras que asfalto em sua extensão até pelo menos o ponto em que a Sapopemba encontra a Avenida Bento Guelfi. E os pedestres também enfrentam problemas para caminhar pela via. É preciso andar entre os carros.
Na semana passada, a Prefeitura anunciou um investimento de mais de R$ 20 milhões, neste ano, para a recuperar 44 km de 58 ruas da capital paulista. Apesar dos problemas, a Sapopemba não entrou no programa de recapeamento. Em nota, a Secretaria das Subprefeituras disse que vem realizando serviços de tapa-buracos e que, nos últimos seis anos, recapeou 14 dos 18 km da avenida.

 

 

O teste dos ônibus: no sufoco da catraca 

 embarcamos em dez linhas da cidade para avaliar o conforto e a demora nos deslocamentos enfrentados todos os dias por milhões de paulistanos.

Elzilene Pereira Xavier e eu nunca estivemos tão próximas como na tarde da última terça-feira. Apesar de nossa convivência de quase dois anos, jamais havíamos passado tanto tempo tão perto uma da outra. Em São Paulo, poucas coisas aproximam mais duas pessoas do que um ônibus lotado. Elzilene é diarista e trabalha na minha casa três vezes por semana. Nesses dias, ela sai de Pirituba, onde mora, caminha 400 metros para chegar ao ponto, espera entre quarenta minutos e uma hora para embarcar e passa mais uma hora em pé dentro do ônibus até chegar ao meu bairro, o vila formosa. Terminados os afazeres domésticos, ela vive a dura reprise da volta. E o mesmo no outro dia, no outro, no outro e no outro. Embora a distância entre nossas casas seja de apenas 10 quilômetros, em horários de pico o tempo gasto do portão dela ao meu chega a superar duas horas.   

As catracas dos nossos 15.000 ônibus giram diariamente 9,6 milhões de vezes. Ou seja, depender dos grandalhões para se locomover é a realidade de muita gente. Além do aperto dentro dos veículos, quem utiliza o sistema está sentindo outro aperto: no bolso. No mês passado, a tarifa subiu de 2,70 para 3 reais. O anúncio do reajuste de 11% (a inflação do período foi de 7,62%) desencadeou uma série de protestos. No último dia 27, cerca de 400 manifestantes foram do Teatro Municipal à Câmara Municipal reclamar do aumento. Quem ganha salário mínimo e trabalha de segunda a sexta, indo e voltando de ônibus, deixa agora com o cobrador 1 real de cada 5 recebidos no mês. Isso para, na maioria das vezes, viajar de pé em percursos que, para um terço dos passageiros, consomem duas horas de seu dia. Sempre recorri ao transporte coletivo. Meus embarques, porém, não coincidem com o horário de rush. Assim, desfruto certo conforto, em viagens curtas, que normalmente faço sentada e não ultrapassam trinta minutos. Trata-se de exceção. A realidade de milhões de paulistanos são aperto, cotoveladas e olhares fatigados através da janela enquanto os ônibus andam numa velocidade de tartaruga — nos momentos de maior movimento, alguns trechos registram 6 quilômetros por hora. 

Maioria reprova saúde pública

Maioria reprova saúde pública no país, diz pesquisa

O levantamento, realizado com 2.002 pessoas , mostrou que 61% dos brasileiros considera o serviço de saúde pública ruim ou péssimo

O serviço de saúde da rede pública é considerado ruim ou péssimo por 61% dos brasileiros, segundo aponta uma pesquisa divulgada pelo Ibope nesta quinta-feira. O levantamento foi encomendado pela Confederação Nacional da Indústria.
De acordo com o estudo, somente 10% dos entrevistados avaliam a qualidade do Sistema Único de Saúde como boa ou ótima. A demora no atendimento foi apontada como o principal problema do sistema público por 55% das pessoas. Em segundo lugar, a falta de equipamentos e de unidades de saúde foi sugerida por 10% das pessoas, seguida pela falta de médicos, segundo 9% das pessoas.
Para melhorar a situação do serviço público, 57% dos entrevistados acreditam que é preciso aumentar o número de médicos e 30% disseram que o SUS melhoraria se os profissionais tivessem aumento de salário.
Ainda segundo o levantamento, 85% dos entrevistados não perceberam melhoras na saúde pública nos últimos três anos. Do total, 43% dos entrevistados afirmaram que houve piora no sistema de saúde.
O estudo mostrou também que 24% têm plano de saúde contratado, em sua maior parte, pelo empregador. Além disso, 61% dos entrevistados utilizaram algum serviço de saúde nos últimos 12 meses e 79% deles o fizeram na rede pública.

Recursos – Quase todos entrevistados (95%) reconhecem a importância e a necessidade de se destinar mais recursos para a saúde. Para 82% dos brasileiros, os recursos adicionais podem ser conseguidos se o governo acabar com a corrupção.

 

Mano Brown sugere o impeachment de Geraldo Alckmin em evento na Assembleia

Mano Brown sugere o impeachment de Geraldo Alckmin em evento na Assembleia 

Mano Brown, líder do Racionais MC’s, sugeriu o impeachment do governador de São Paulo Geraldo Alckmin ao receber o XVI Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, na Assembleia Legislativa, na noite desta segunda (10 de dezembro).

Brown denunciou o “genocídio dos jovens negros” na periferia da capital paulista através das mãos da polícia, responsabilizando o governador por uma tragédia em curso.

André Caramante, repórter da Folha de São Paulo (que teve que sair do país após o coronel e vereador eleito Paulo Telhada incitar seus seguidores no Facebook contra ele por conta da reportagem “Ex-chefe da Rota vira político e prega a violência no Facebook”), o Movimento Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) e este que vos escreve foram os outros ganhadores.

O metalúrgico Santo Dias foi assassinado durante uma greve em 1979, aos 37 anos, na porta da fábrica Sylvânia, em São Paulo, com um tiro da polícia militar nas costas. Em 31 de outubro de 1979, 30 mil pessoas foram às ruas para acompanhar o enterro e protestar contra a morte da liderança operária.

O prêmio é concedido pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, que também escolheu seis menções honrosas: Daniela Skromov de Albuquerque, da Defensoria Pública de São Paulo, Ariel de Castro, da Fundação Criança de São Bernardo do Campo, Sonia Aparecida dos Santos, militante do movimento negro, o Movimento Nacional de Direitos Humanos, a Casa de David, que atua na defesa dos direitos de crianças e adolescentes, e o jornalista Danilo Manha, que cobre problemas sociais.

 

População de rua cresce em São Paulo



População de rua cresce em São Paulo
  É visível o aumento da população que mora nas ruas em São Paulo. Essa triste percepção pode ser comprovada com a pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que apontam quase 14.000 pessoas nessa situação na cidade. Quando foi feito o Censo anterior no ano de 2000, eram pouco mais de 8.000 pessoas nessa situação; assim, um aumento de quase 50%.     

Animais abandonados nas ruas, principalmente em lugares afastados dos centros,



Animais abandonados nas ruas, principalmente em lugares afastados dos centros,
   Abandono de animais. Como evitar essa crueldade?
 Nos dias de hoje, quando cães e gatos são tratados como filhos, ainda há quem simplesmente os abandone e os motivos são vários. Os mais comuns são os donos não se adaptarem ao comportamento do animal, por adquirir outro mais bonito ou simplesmente por trocar o bicho como quem troca de roupa. Há casos de animais que foram deixados em clínicas e pet shops como se fossem fazer algum procedimento, mas os donos nunca mais voltaram para buscá-los, porém, muitas vezes os animais são abandonados com feridas, doentes ou com filhotes não desmamados. Os donos os deixam na rua  dentro de caixas, na chuva ou sol. Esses animais, além do sofrimento, espalham e adquirem doenças e acabam procriam ou pior: morrem de sede, fome, frio, atropelados a até envenenados. Algumas sociedades protetora de animais são criadas, todas com boa vontade, mas nem sempre com bons projetos ou recursos para minimizar esse problema.

ALCOOLISMO: DOENÇA QUE ENRIQUECE OS CAPITALISTAS





ALCOOLISMO: DOENÇA QUE ENRIQUECE OS CAPITALISTAS



  Dados recentes apontam que as indústrias de cervejas faturam R$ 20 bilhões por ano e gastam em publicidade mais de R$ 700 milhões em divulgação de seus produtos estimulando o consumo. Uma pesquisa chegou a comparar a diferença “absurda” da propaganda televisiva sobre bebidas alcoólicas e não-alcoólicas. Gravaram-se 420 horas de programas humorísticos, esportivos e novelas nos quatro canais de televisão aberta de maior audiência, durante os cinco primeiros meses de 2006 os programas selecionados apresentaram audiência de no mínimo 10% de jovens de acordo com a medição do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística). Foram identificadas 7.359 propagandas de bebidas alcoólicas veiculadas nas 420 horas gravadas, tanto nos intervalos dos programas como inserções dentro dos programas gravados (merchandising). Foram 444, as propagandas de bebidas alcoólicas, ficando em 7º lugar do total encontrado. Muito mais do que as propagandas de bebidas não-alcoólicas, que tiveram 197 propagandas identificadas, ficando em 11º lugar.