terça-feira, 24 de março de 2015

O que leva um garoto negro a gritar diante das câmeras contra a implantação de cotas raciais nas universidades e em concursos públicos? Fiquei com a dúvida após ver o vídeo de um tal Fernando Holiday, no qual ele critica a ação de militantes negros durante uma aula da USP.
“Nós negros e pobres podemos sim vencer na vida através do mérito, não precisamos ficar como vermes, como verdadeiras parasitas atrás do estado, querendo corroer cada vez mais e mais, com esse discurso de merda, com esse discurso lixo. Vocês fazem dos negros verdadeiros porcos no chiqueiro, que ficam fuçando a lama através do resto que o estado tem a nos oferecer. Pobres da periferia, negros da periferia, não se submetam a esse discurso”, vocifera.
Senti um certo mal estar durante os pouco mais de cinco minutos de discurso, em que ele agiu como o pior dos racistas ao comparar negros com vermes. Se chamar de macaco é execrável, desumaniza o ofendido, o que dizer de vermes, seres de uma escala ainda mais baixa da cadeia evolutiva? Judeus eram chamado de ratos pelos nazistas.
Não dá para saber de onde vem tanto rancor, mas só pode ser esse rancor que o faz ignorar o contexto histórico e as pesquisas que comprovam a necessidade de cotas raciais nas universidades. Segundo estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), “no ensino superior, a desproporção entre a presença da população preta e parda e a população branca triplicou entre 1976 e 2006. Se em 1976 5% dos brancos com mais de 30 anos possuíam diploma superior, contra 0,7% dos negros, em 2006 os brancos que possuíam algum diploma de ensino superior somavam 18% da população, contra apenas 5% dos negros. A despeito de uma substantiva expansão da oferta de vagas no ensino superior nesse período, o hiato racial não se reduziu. Tal realidade começou a se modificar somente a partir da adoção das políticas de ação afirmativa, no começo dos anos 2000”.
Outro estudo, do IBGE, constatou que de 2001 a 2011 o percentual de negros no ensino superior passou de 10,2% para 35,8%, consequência, em parte, das ações afirmativas que começaram a ser implantadas a partir de 2003.  Apesar do aumento, o percentual ainda está abaixo dos 50,7% de negros na população do país, mostrando a urgência em consolidar as políticas de cotas.
Mesmo perplexo, a princípio considerei o vídeo um desatino adolescente do qual Holiday se envergonharia depois de conhecer melhor as estatísticas relativas à população negra, mas mudei de ideia ao pesquisar a página dele no Facebook.
A fanpage obedece à cartilha reacionária e tem posts odiosos contra Dilma, o PT, esquerdistas, feministas, além de convocações para a próxima manifestação contra o governo.
A birra contra as cotas é uma constante e aparece já no primeiro vídeo, em que a negação ao racismo se encontra com a misoginia: “Se é assim, vamos fazer cotas pra gostosa (…) porque tem muito lugar que está faltando. A Fefeleche que o diga, senão não seria aquele zoológico, aquele pulgueiro”. Fefeleche é a alcunha da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH), um dos alvos prediletos da patrulha neoconservadora.
Holiday, de 18 anos, é ligado ao Movimento Brasil Livre, uma das entidades “liberais” organizadoras dos protestos de 15 de março. Mistura em seus discursos o inconformismo classe média de Rachel Sheherazade com o histrionismo chulo de Luiz Carlos Alborghetti.
Chegou a ser aprovado para o curso de Filosofia da Unifest (Universidade Federal de São Paulo), mas disse à Folha, em entrevista durante o protesto, que ainda está decidindo onde irá estudar. Na ocasião, informou que foi convidado para entrar no MBL após a repercussão de um dos seus vídeos.
Talvez ele seja um fantoche nas mãos do movimento ou aja por convicções próprias. O mais provável é uma combinação das duas situações, na qual o MBL encontrou a figura perfeita para anular as críticas de que é reduto da elite branca e o Holiday fica famoso com milhares de curtidas no Facebook. Eles se merecem, enfim.
Seja uma coisa ou outra, é triste ver um adolescente negro chamar a luta por ações afirmativas de “discurso da vagabundagem” e fazer o papel de capitão do mato.
Só resta esperar que Holiday possa, uma hora, se livrar dessa miséria psicológica. A realidade (e ele obviamente sabe disso) é que ele sempre será preto.

terça-feira, 24 de junho de 2014

A Mulher Exigente

A Mulher Exigente

”Um homem só é feliz ao lado de uma mulher se é dele o controle remoto.” Foi o que me disse outro dia meu amigo Guillermo. Guillermo foi vítima da Mulher Exigente. Alessandra, sua namorada, transformou-o num escravo. Ela escolhia os filmes no cinema, os DVDs, as peças de teatro. Ela escolhia os restaurantes, as viagens, os hotéis. Ela escolhia as posições sexuais e as preliminares. Aliás, demoradas e extenuantes mesmo para uma pessoa atlética como Guillermo.
E a morte: ela não lhe dava a menor chance de pegar o controle remoto.
A Mulher Exigente não é uma espécie exatamente nova. Na Bíblia, você encontra muitas delas, como Betsabá, que mandava no rei Davi, que mandava em todos. (Para tê-la, Davi enviou o marido de Betsabá à frente de uma guerra. O objetivo era que ele morresse, o que logo aconteceu.) A Mulher Exigente, repito, não é novidade. Mas o fato é que, nos tempos recentes, com o avanço feminino em todas as áreas, do escritório ao futebol, ela se multiplicou espantosamente.
A Mulher Exigente parece se vingar, em cada homem, da dominação masculina secular. O homem não é um parceiro, um cúmplice, a metade de um todo. O homem é o concorrente a ser batido. Como uma gladiadora sem direito a férias nem fins de semana, a Mulher Exigente está em combate o tempo todo. Ela quer espaço, mas não em pedaços. Ela quer todo o espaço.
A Mulher Exigente despreza o avental e a cozinha. Despreza sua mãe, sua avó e todas as antepassadas que se curvaram ao pérfido domínio masculino. Despreza o homem. No fundo, a Mulher Exigente prefere um vibrador a um macho, porque é mais fácil de manejar. A frase masculina que mais a excita sexualmente, dita num timbre tímido e amedrontado, é: “Posso?”
Ela não fala, grita. Ela não pede, manda. Ela não cede, impõe.
E ela, paradoxalmente, é nossa cria. Nós inventamos nosso inimigo. Nós a demos à luz. Nós e nossa covardia culpada. Porque nós nos sentimos culpados por ser homens e mandar, desde sempre. Nós caçávamos os javalis enquanto elas ficavam no conforto aquecido da caverna, nós nos expúnhamos ao frio e aos dentes da fera e, mesmo assim, carregamos um sentimento de culpa que se refinou ao correr dos longos dias e foi dar na proliferação da Mulher Exigente.
Somos vítimas não da Mulher Exigente, mas de nós mesmos.
Viramos subalternos, ganhamos a docilidade pétrea de recrutas perante generais. Nos transformamos em pó. Somos chicoteados e agradecemos ao chicote e à mão que o empunha pela deferência em nos escolher como alvo.
A queda da Bastilha selou a Revolução Francesa. Entendi, pela expressão aterrorizada de meu amigo Guillermo, que a Bastilha de nós, homens, é o controle remoto. Ao perdê-lo, perdemos tudo. É o último reduto do homem que não se rende, a sua Excalibur. A derradeira esperança, a tocha trêmula numa escuridão espessa.
A Mulher Exigente vai mandar você deletar este texto.
E você vai deletar. Fabio Hernandez

terça-feira, 6 de maio de 2014



CORREDORES EXCLUSIVOS PARA OS ÔNIBUS GERA PROTESTOS EM SÃO PAULO

A prefeitura de São Paulo está criando, nas principais ruas e avenidas da cidade, corredores exclusivos para os ônibus, com o objetivo de aumentar a velocidade dos mesmos e estimular o uso do transporte coletivo na população.
O reflexo dessa empreitada, pelo menos em um primeiro momento, é o protesto de uma parcela da população, principalmente das pessoas que possuem carro próprio, muitas vezes até mais de um, com placas de finais diferentes, objetivando driblar o rodízio semanal,  (criado exatamente para diminuir o número de veículos nas ruas).
O que podemos notar nesse trânsito caótico como qual somos obrigados a conviver, é o fato de que muitas pessoas, quando  no interior de seu veículo, se sentem superiores aos demais. Tudo podem principalmente quando de posse de um carro último tipo e com motor possante.
Parece que têm em mente que a atitude de dispensar seu carro e usar o transporte público os tornará um simples mortal.
Com certeza, a implantação de corredores de ônibus por si só não resolverá o problema do trânsito paulistano. Porém, algo tem que começar a ser feito, exigindo inclusive o sacrifício de uma minoria, em prol da maioria.
Ou então de nada adiantará possuir um carro de luxo, que não sairá do lugar.
Sergio Perisatto. Graduado em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção - Unifai.



segunda-feira, 5 de maio de 2014


Um grupo de cientistas da Romênia desenvolveu  um novo tipo de sangue artificial, produzido com água, sal e com a proteína hemeritrina, extraída naturalmente das espécies de minhocas que vivem no habitat marinho. A solução poderá ser disponibilizada a partir de 2015 nos bancos de sangue de todo o mundo, sendo muito viável para transfusões e situações de emergência.
Criado pelos pesquisadores romenos da Universidade de Babes-Bolyai de Cluj-Napoca em parceria com as universidades de Bristol e Edimburgo (ambas no Reino Unido), o novo sangue artificial já foi testado em laboratório e apresentou ótimos resultados e receptividade. Além de ser indicada para situações de emergência, a nova substância também é aceita por todos os tipos sanguíneos.
Nos testes, o que mais impressionou a comunidade científica foi o fato de o sangue “de minhoca” permanecer intacto às transfusões e ter alta durabilidade. Esta não é a primeira substância desenvolvida para ser equivalente ao sangue humano, no entanto, é a mais eficiente – principalmente devido à proteína presente nas minhocas marinhas utilizadas na preparação do sangue.
Conforme publicou o site InHabitat, a proteína hemeritrina é mais potente que as próprias hemoglobinas naturais do sangue, devido à sua alta resiliência. Durante os testes, os cientistas verificaram que a substância artificial é capaz de transportar oxigênio pelo organismo até que o estoque de sangue humano volte aos seus padrões de normalidade, com a recuperação do paciente depois da transfusão.

sexta-feira, 21 de março de 2014

O descaso de Serra e Joaquim Barbosa com a Justiça



José Serra e Joaquim Barbosa, ex-grandes esperanças brancas, acabam de dar demonstrações eloquentes de descaso com a Justiça. Um velho amigo acupunturista os definiu como legítimos malandros agulha, com o que não concordei.
Barbosa não compareceu ao Supremo na votação dos recursos do ex-deputado João Paulo Cunha e de João Cláudio Genu, ex-assessor do PP. Em todo o julgamento do mensalão, desde 2 de agosto de 2012, foi a única vez em que JB faltou. Terminou em absolvição (seis a quatro no primeiro caso, seis a três no segundo).
Segundo sua assessoria, ele não participou porque “estava trabalhando” e acompanhou tudo “pela TV Justiça”.
Bem, é difícil saber onde começa e termina o cinismo. Até ontem, você achava que Joaquim Barbosa trabalhava naquela plenária do STF. Ok. Ele não trabalha lá. Onde, então? Ele não estava trabalhando nas outras sessões? Jamais saberemos? Ou ele perdeu a causa, fez um alerta aos brasileiros e decidiu que dane-se?
São perguntas que deveriam ocorrer ao cidadão comum. O cidadão comum tem medo de faltar ao trabalho e tem medo da Justiça por razões óbvias — e é bom, até certo ponto, que tenha. Barbosa não tem. Nem Serra.
Serra não compareceu a um depoimento como testemunha em inquérito civil do Ministério Público de São Paulo. Tratava-se de uma ação que apura irregularidades em um contrato firmado pela CPTM em 2008.
Seus advogados alegaram que não tiveram acesso aos autos e que o cliente não foi notificado a tempo. Um executivo da Siemens disse que foi pressionado pelo ex-governador a não interferir em uma licitação de prestação de serviço no setor metroferroviário. A empresa vitoriosa foi a espanhola CAF.
Segundo o jornalista Fausto Macedo, do Estadão, o promotor Cesar Dario Mariano frisou que Serra “não está sendo investigado”. Ele será novamente convidado a depor.
É muito difícil acreditar que os advogados do ex-governador “não tiveram acesso aos autos” e “não foram notificados a tempo”. Serra conhece o assunto e pode colaborar. Há alguns dias, afirmou: “Qualquer manual anticartel nos daria razão. Ganharíamos a medalha anticartel”.
Se ele está tão certo disso, qual o problema em depor, ainda mais como testemunha? Medo não é. Mais provavelmente, a sensação de que ele, como Barbosa, sabe como a Justiça funciona e, portanto, age de acordo com isso: com descaso, quando lhe convém.
Rep: kiko

sábado, 15 de março de 2014




Perigo de racionamento de água em São Paulo


Milhões de moradores da região metropolitana de São Paulo estão ameaçados pelo racionamento de água. O sistema Cantareira, reservatório que atende mais de 30 municípios da região, atingiu no dia 16 de fevereiro apenas 18,5% de sua capacidade total. A estiagem e as fortes temperaturas contribuíram para a queda nas reservas de água, mas mesmo as chuvas dos últimos dias não foram capazes de fazer o nível dos reservatórios subir.
A Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo, Sabesp, é a empresa responsável pelos serviços de água e tratamento de esgoto em mais de 300 municípios do Estado. É uma empresa de capital aberto e tem quase a metade de seu capital acionário privatizado. O governo do Estado administra a empresa de maneira indireta, por ser detentor da maioria das ações, mas são os interesses do mercado e do lucro os que determinam os destinos da companhia.
No setor do saneamento, a privatização vem disfarçada sob duas políticas que se completam, a Terceirização e a Parceria Público-Privada.
A Terceirização é aplicada em larga escala na Sabesp. A empresa que já teve mais de 30 mil funcionários, hoje, para atender um número muito maior de municípios, tem um quadro de trabalhadores pouco maior que 15 mil. As empresas terceirizadas contratadas para prestar serviço em nome da Sabesp são responsáveis pelos serviços com pior avaliação e, na busca por lucros, precarizam a situação de seus trabalhadores e limitam a qualidade dos equipamentos instaladas.
A Parceria Público-privada – PPP, desde que foi legalizada e impulsionada pelo governo federal, é a forma de privatização mais aplicada pelo governo Alckmin. A Sabesp participa de duas grandes Parcerias Público-privadas para a construção de sistemas de fornecimento de água, são as PPP´s Alto Tietê e São Lourenço. Construtoras como a Andrade Gutierrez e Camargo Correa são as maiores beneficiadas por essas ditas Parcerias.
A verdade é que a direção da Sabesp e o governo do Estado transformaram o essencial serviço de fornecimento de água em uma mercadoria, utilizada para gerar lucros aos capitalistas na Bolsa de Nova Iorque. A empresa é altamente lucrativa (lucro líquido de R$ 1,9 bilhão em 2013), mas é um lucro que não serve nem para solucionar os problemas de fornecimento de água no Estado e menos para garantir condições dignas para os trabalhadores que constroem essa empresa.
Os estudos do Plano Diretor de Recursos Hídricos apontam que o consumo de água de toda a região metropolitana pode chegar a 283 mil litros de água por segundo em 2035, enquanto o sistema Cantareira só é capaz de fornecer hoje 36 mil litros. São necessários muitos investimentos para que o sistema não entre em colapso, somados a medidas que garantam a economia e a utilização racional da água.
A situação atual do fornecimento de água na maior metrópole brasileira faz cair por terra toda a falácia de que o mercado é eficaz e à prova de crises. A água é um bem vital e não pode ser utilizada para o lucros de alguns. Precisamos de uma Sabesp 100% pública, a serviço da qualidade de vida do povo de São Paulo, e não dos lucros dos acionistas ou dos interesses eleitorais do partido no governo



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Animais abandonados: o que fazer?

Animais abandonados: o que fazer?

            É fato que existem muitos animais abandonados nas ruas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, no ano de 2013 existiam cerca de 10 milhões de gatos e 20 milhões de cachorros abandonados, isso somente no Brasil, colocando em risco a saúde animal e da população.
Muitas vezes chegamos a acreditar que essa situação fugiu de nosso controle e que não podemos fazer mais nada para solucionar o problema. Porém, todo esforço é válido, e para quem luta por essa causa, um animalzinho a menos nas ruas, se torna uma grande vitória. 
O Centro de Zoonoses, por exemplo, instituição do governo, é o principal responsável pelo controle de animais domésticos. Além do resgate e adoções, promove tratamentos, como a castração, tendo a saúde pública como objetivo. Mas a capacidade do Centro já se encontra em superlotação, o que dificulta ainda mais suas ações.
Graças a trabalhos de ONGs (organizações não governamentais), ainda assim é possível ajudar. Como a ONG Clube dos Vira-Latas, situada na cidade de Ribeirão Pires (SP), que atende a chamados, promove campanhas de vacinação e conscientização ao público, tratamentos veterinários e cirúrgicos, e, além disso, disponibiliza abrigos para cães sem lares.
O mais importante, acima de tudo, é não ignorarmos a situação em que esses animais se encontram, e buscarmos alguma forma de ajudar. Afinal, sejam cães ou, sejam gatos, todos deveriam ser os melhores amigos do homem.

Thais Fernandes, estudante de Jornalismo.

Fontes:
Portal da Band
Controle de Zoonoses
Clube dos Vira-Latas